Acho que tenho um espírito aberto, procuro compreender os outros, mesmo na católica apostólica, aceito bem a fé dos outros, etc. Não sou um homosexualista fundamentalista, a sério que não sou. Não faço questão de ir a paradas gay, nunca contei mas acho que a maioria dos meus amigos não chupa pela palhinha, gosto de sítios onde todos se sintam confortáveis, acho as crianças adoráveis (algumas e só as dos outros) e não sinto qualquer ímpeto em me casar de véu e grinalda (nem de fato). Acredito na singularidade de cada pessoa, seja nas ideias seja na sexualidade, por isso confesso que me faz alguma espécie o lobbi gay. Confesso também que me aborrece ser identificado pela minha orientação sexual, porque na verdade sou muito mais complexo que isso. Ou seja, eu não sou só aquilo que faço sexualmente. Mas também sou. A lei também discrimina os indivíduos pela sua singularidade e impede o acesso a direitos e regalias a grupos porque se distinguem pela sua sexualidade. É com base nisto, e apesar de durante muito tempo ter sido contra aquilo que considerava mimetismo, sou a favor de casamentos civis para pessoas do mesmo sexo. Relativamente a adopção de crianças passa-se o mesmo, e não é tanto pelo direito a adoptar, mas pelo direito a ser adoptado por pessoas que considero tão competentes como outras a educar, cuidar e fazer crescer e amar.
Agora ao que interessa. O Carlos G. Pinto (adoro a assinatura) acha que uma parada gay, que existe porque houve e há uma discriminação, preconceito, etc, é uma manifestação de cariz sexual que não deve contar com a participação de crianças e adolescentes. Depois de vários diálogos, uns mais produtivos que outros, continuo sem perceber a razão de tanto celeuma. Ele é contra o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, apesar de aceitar a união de facto - não me refiro a termo jurídico mas que vai dar ao mesmo-, é favorável à adopção por homosexuais. Será que acha que um casal gay que adopte vai esconder que dormem no mesmo quarto à criança adoptada? Bem, surgem-me assim em catadupa imensas questões de ordem prática e que sugerem a confrontação de crianças com orientações sexuais diversas e continuo sem perceber até que ponto é possível que haja uma aceitação social e combater preconceitos sem que as crianças participem.
Por outro lado a minha própria experiência de vida numa sociedade, ainda, bastante machista e machota, diz-me que a minha escolha do objecto sexual não é determinada pelo que vejo ou pelo que me é imposto.
Outra coisa que não consigo perceber é o que é que o Carlos G. (assim é mais curto) quer dizer com cariz sexual. Já estive em algumas paradas gay e nunca mas nunca vi mais nada do que demonstrações de afecto em público e insinuações sexuais, a maior parte das quais uma criança não iria perceber. Assim como não percebe determinadas tradições e costumes numa festa de casamento.
what else is new?
isto é muito grave?
Não concebo uma sociedade liberal onde o espaço público reprime as liberdades reais de alguns e onde certos modos de vida não são aceites.
e o resto dos links estão por aí
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